É comum ouvir atualmente expressões como “privatiza tudo” ou “tem que privatizar mesmo”.
Geralmente, esses pensamentos são estimulados por setores que não possuem compromisso com o país e nem com a população.
Antes de tudo, ser contra a essa linha política não é uma questão partidária. Basta perceber, na frieza dos números, que o Brasil não teve vantagem econômica e social com as privatizações.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI, entidade patronal) mostra que serviços privatizados subiram mais que inflação nos últimos 20 anos. Os dados mostram o setor energético, de transporte, educação, remédios, médicos, hospitais e combustíveis nessa conta.
Ou seja, nos últimos 20 anos, só televisores e computadores (componentes eletrônicos de uma maneira geral) ficaram abaixo da inflação, por exemplo.
O estudo é de agosto de 1999 até março de 2019; nesse período a inflação oficial acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) somou 240%.
A cesta de serviços médicos e hospitalares, por exemplo, subiu 374%.
A energia elétrica teve alta de 358% e o transporte coletivo aumentou de 352%.
Já a educação formal teve alta de 340%.
É só privatizar?
Quando dizem que ao privatizar abre-se concorrência, cuidado! Não é bem assim.
Ainda de acordo com o estudo feito pela CNI, foi a falta de competição e as falhas de mercado que aumentaram os preços dos bens e dos serviços.
Não é porque o mercado é privado que não é controlado por interesses igualmente privados. Nossa economia sofre intervenções nos preços e serviços dos oligopólios (quando algumas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado).
É por isso que muitos serviços são oferecidos por empresas diferentes, mas com custos muito semelhantes.
Significa dizer que, no Brasil, as empresas, mesmo competindo entre si e vendendo produtos diferenciados, são altamente substituíveis umas pelas outras.
É comum um mesmo produto ser ofertado por várias empresas, sendo que o diferencial desse bem se apresenta apenas por características físicas (composição química, embalagem, etc.).
De qualquer forma, nos últimos 20 anos, segundo a CNI, o aumento inferior ao IPCA na indústria deixou um saldo negativo na receita brasileira. Os preços da energia, do transporte público e dos combustíveis subiram mais que a inflação e pressionaram os custos de produção.
Então, respire fundo e diga, com toda certeza que, nos últimos 20 anos, as privatizações fizeram mal ao Brasil.
Não precisa ser nacionalista para defender o patrimônio nacional, basta ter um pouco de bom senso: setores estratégicos, como o energético, são mais benéficos quando são estatais.
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