Ao perceberem o leve aumento de veículos híbridos (que funcionam com motores à combustão e com eletricidade) circulando pelas grandes cidades brasileiras, ou de carros elétricos (que estão mais presentes em outros países, mas ainda são raros no Brasil), muitas pessoas se perguntam: “O uso do petróleo vai acabar em breve?“, “até quando o petróleo continuará sendo importante?”
Muitos acabam acreditando que essas mudanças farão com que o petróleo deixe de ser usado em breve e que, por isso, uma solução seria privatizar a Petrobras para que empresas estrangeiras viessem retirar logo o petróleo brasileiro.
Não é bem por aí…
O petróleo ainda continuará sendo estratégico por muito tempo. Principalmente porque há grande oferta mundial e novas descobertas pelo mundo aguçam o interesse das grandes potências. Exemplo disso são as descobertas no Irã (novembro de 2019), e em Guiana (janeiro de 2020).
Previsões proporcionais à demanda mundial projetam o uso massificado do petróleo por mais de 40 ou 50 anos, o que garantirá um setor forte e rentável por mais décadas ainda.
Outra questão que impulsiona a área é o grande investimento em tecnologia para extração. Hoje, é possível tirar petróleo de bacias com mais de 7 mil metros de profundidade, o que era impensável anos atrás.
:: Por exemplo => em 1984 a Petrobras produzia 500 mil barris de petróleo por dia extraindo de 4108 poços. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a estatal produz atualmente 3 vezes mais extraindo somente de 77 poços da camada do Pré-sal (uma área gigantesca abaixo da camada de sal do Oceano Atlântico).
A Agência Internacional de Energia aponta que 60% da produção energética mundial vem do petróleo.
Outras fontes energéticas não são menos importantes, inclusive algumas ganham protagonismo, principalmente na Europa. São as chamadas “fontes renováveis”. Porém, o petróleo se mantém como principal matriz energética do planeta e certamente continuará assim por muito tempo.
O que o Brasil deveria fazer é pensar no futuro, visando a transição energética para uma economia de baixo carbono (mas que ainda levará tempo), em vez de pensar apenas em extrair e vender o petróleo cru a baixos preços para depois comprar o produto refinado do exterior pagando muito caro, como faz o atual governo.
Que governo pensa assim?
No mundo atual, governos inteligentes de países produtores de petróleo não abrem mão do setor petrolífero justamente por entenderem o quanto ele é estratégico para a economia do país e para o futuro da própria população.
Não é por acaso que a maior parte das grandes empresas petrolíferas do mundo são estatais.
E os Estados Unidos, que não possuem estatal de petróleo?
Há países que não detêm o controle do próprio petróleo e, por isso, operam na geopolítica para se apropriar do petróleo dos outros países (ou adquiri-los a preços muito abaixo do valor de mercado).
É o caso dos Estados Unidos (EUA). Por razões históricas, o país não possui empresa estatal de petróleo (mas possui mais 6 mil estatais em diversas áreas, principalmente estaduais e municipais, chamadas de “public authorities”).
Por isso, a autoproclamada “maior potência do planeta” continua criando guerras com frequência por causa do petróleo. Um exemplo bastante recente é o conflito iniciado no final de 2019 contra o Irã depois que o país do Oriente Médio anunciou uma nova reserva estimada em mais de 50 bilhões de barris (menor que o nosso Pré-sal).
Guerras como as contra o Iraque (basta lembras das “armas de destruição em massa” que nunca existiram), contra a Síria, a Líbia e etc também foram motivadas por questões energéticas (petróleo e gás).
E mesmo quando não está investindo em novas guerras, governos norte-americanos frequentemente derrubam governos democraticamente eleitos, ajudam a implementar ditaduras ou a levar ao poder governantes que atuarão como fantoches. Tudo isso para facilitar o acesso ao petróleo produzido em países com instituições mais fracas.
Fora isso, para manter viável o setor interno (e privado) de petróleo, o governo dos Estados Unidos gasta anualmente cerca de US$ 5 bilhões (mais de R$ 20 bilhões) em subsídios à indústria de petróleo, destinado a todos os elos da cadeia de produção, desde a exploração até o refino.
Sim! O petróleo é privado, mas está intrinsecamente misturado com o poder público. Basta lembrar que o primeiro secretário de Estado nomeado pelo presidente Donald Trump foi Rex Tillerson, presidente da ExxonMobil.
O “livre mercado de lá” não é tão “livre” assim e, quando precisa, tem no Estado o apoio para não naufragar…
Brasil
E por aqui, qual o futuro da Indústria Petrolífera? O setor de petróleo e gás já foi responsável por 13% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
Com a descoberta do Pré-sal, o Brasil passou a ter ainda mais perspectiva de despontar como um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
A estimativa é que o Pré-sal possa render mais de US$ 10 trilhões (mais de R$ 40 trilhões) de lucro para a Petrobras.
Ou seja, há muita extração pela frente ainda!
Em toda sua história, o Brasil perfurou apenas 30 mil poços de petróleo. Só a Argentina, com área geográfica bem menor, já perfurou o dobro desse número. Já os Estados Unidos passou da casa dos milhões de poços explorados.
Portanto, a indústria do petróleo e gás no Brasil permanecerá forte e poderá crescer muito. Além disso, seus derivados são uma das principais matérias-primas utilizadas.
Imagine o mundo sem:
:: Gasolina automotiva
:: Combustível de aviação
:: Óleo diesel
:: Óleos lubrificantes
:: Óleos combustíveis
:: Gás de cozinha (GLP)
:: Produtos asfálticos
:: Querosene de iluminação
:: Lubrificantes industriais
Então, além de tudo isso, o petróleo está na produção de plásticos, borracha sintética, cosméticos, tecidos sintéticos e uma gama gigantesca de produtos utilizados no dia a dia da população.
A verdade é que o mundo ainda depende desse recurso!
E o Brasil depende ainda mais. Não por acaso o Pré-sal é chamado de “passaporte para o futuro”.
E faz todo sentido.
Veja também Por que o Brasil ainda importa derivados de petróleo?
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